A hora do home office: como as empresas estão se preparando para o período pós-pandemia?
O home office surgiu como uma das alternativas mais seguras para proteger os trabalhadores e reduzir as chances de disseminação do novo coronavírus. Entretanto, essa mudança súbita na rotina de trabalho fez com que empresas e funcionários tivessem de se adaptar rapidamente, deixando o escritório e transferindo suas atividades para dentro de casa. Nessa corrida rumo à revolução tecnológica, quem sai ganhando são as empresas que, mesmo antes da pandemia, já ofereciam regimes de trabalho semipresencial ou contavam com estratégias voltadas ao teletrabalho.
Exemplo disso é o ISAE Escola de Negócios, instituição curitibana que está realizando projetos piloto de teletrabalho desde o último mês de março para testar o novo modelo e entender as necessidades dos funcionários. Luciana Grande, Coordenadora de Pessoas e Cultura do ISAE, que trabalha de casa desde a adoção das medidas pela instituição de ensino, já sentiu diferença nos resultados. “Não é porque meu horário oficial de trabalho é das 9h às 18h que eu sou produtiva apenas nesse espaço de tempo. Podemos ser produtivos em diversos outros horários, cabendo a cada um escolher o melhor momento para se dedicas as suas atividades”, diz a especialista.
A profissional de recursos humanos acredita que o home office veio para ficar, principalmente no caso de profissões que não exigem um espaço físico para a realização das tarefas, como o setor administrativo, comercial, marketing, desenvolvimento de produtos, finanças e TI. Por outro lado, funções relacionadas aos serviços de zeladoria, portaria e manutenção, por exemplo, devem ser eliminadas em muitas empresas. Entretanto, Luciana relembra a criação urgente de leis específicas que regulamentem o teletrabalho. “A flexibilização do trabalho já é algo que vem sendo discutido há tempos e deve ser o foco principal na transformação de nossas leis trabalhistas”, afirma. Entretanto, apesar de necessária, a flexibilização do trabalho vem gerando receio por parte dos empresários, que alegam ‘perda do controle sobre os funcionários’.
“As leis trabalhistas brasileiras atuais ainda são muito pautadas no controle. Sair da competitividade rumo à colaboração pode ser algo positivo para essa construção de confiança entre chefes e funcionários”, diz. Para isso, a especialista sugere uma mudança estrutural na delegação de funções, trocando a cobrança pelo horário de trabalho por uma valorização de entregas e resultados. “Trabalho é o que eu faço e não onde eu estou”, complementa. Essa mudança reflete, também, em uma redução de gastos por parte da empresa, que não precisará mais despender dinheiro com aluguel de salas, manutenção e limpeza. “Neste caso, é papel do empresário oferecer todos os materiais necessários para que o colaborador possa desenvolver suas atividades com qualidade, desde mesas e cadeiras adequadas até aparelhos eletrônicos e conexão com à internet”, completa Luciana.
Foto: Divulgação