Com subsídio extra a Sancetur/SOU, tarifa pode ultrapassar os R$ 10

Cidades

Vereadores devem votar nesta quarta o repasse mensal de até R$ 529 mil da Prefeitura para a empresa, que está sendo questionado no Ministério Público

A Câmara deve votar nesta quarta-feira (22) o Projeto de Lei 64/2020 do Executivo Municipal, que prevê pagamento de até R$ 529.920,00 por mês a empresa Sancetur/SOU Indaiatuba de subsídio extra, retroativos a 1º de abril. Na proposta apresentada não está especificado qual o valor que será pago de subsídio extra pela administração municipal por passageiro transportado pagante, além da tarifa de R$ 4,10 que já é paga pelo usuário.

A administração municipal e a empresa divulgaram que o número de passageiros transportados diariamente caiu de aproximadamente 32 mil usuários para 4 mil, e destes somente 2.800 são pagantes. Se for distribuir o valor total do subsídio extra proposto por cerca de 84 mil passageiros pagantes transportados no mês, daria um subsídio pago pela Prefeitura de aproximadamente R$ 6,30 para cada usuário pagante. Somados os dois valores, que o usuário já paga mais o que a Prefeitura pagaria através do subsídio extra, a tarifa do ônibus ultrapassaria os R$ 10.

Na semana passada, após os vereadores adiarem a votação na segunda-feira (13) os ônibus deixaram de circular na sua totalidade em Indaiatuba na terça-feira (14), retornando somente na quarta-feira (15) às 12h.

Representante do Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região divulgou um vídeo na quarta-feira (15) na garagem da empresa, cobrando dos vereadores a aprovação do projeto de lei do Executivo, caso contrário, o transporte coletivo sofreria nova paralisação nesta semana.

Um outro vídeo também na semana passada, do vice-presidente do sindicato Izael Soares de Almeida, informou que protocolou documento denunciando o subsídio indevido a empresa Sancetur/Sou Indaiatuba, que opera o transporte coletivo urbano no município com contrato definitivo assinado em janeiro deste ano, após dois anos prestando serviços através de quatro contratos emergenciais.

Segundo o documento, que o Jornal Votura Indaiatuba News teve acesso, o vice-presidente relata que os demais dirigentes do sindicato “promoveram a mando do proprietário da empresa SOU Indaiatuba, movimento de paralisação no município de Indaiatuba durante dois dias, com o intuito de pressionarem a Câmara Municipal a aprovar e liberar o subsídio a empresa”.

Outra questão apontada, é referente a adesão da empresa a medida provisória 936/2020, que trata do auxílio do Governo Federal para que os trabalhadores recebam parte de seus salários via seguro desemprego e garante a estabilidade no emprego.

“Podemos ver claramente que o subsídio proposto é um verdadeiro bônus injustificado à empresa. Na Sancetur/Sou Indaiatuba, trabalham cerca de 120 motoristas, mais a manutenção e a administração, chega ao número de cerca de 150 colaboradores. Calculando-se pelo salário médio de motorista, de R$ 2.600,00, chegaríamos ao montante de R$ 390 mil. Entretanto a folha direta pela medida provisória assinada pela empresa é de apenas R$ 145 mil”, demonstra Almeida.

Segundo o vice-presidente, os outros custos da planilha do transporte público, constante na licitação, são despesas de óleo diesel, manutenção da frota, depreciação, lubrificantes, etc, todos foram reduzidos, a medida que apenas parte da frota está efetivamente rodando, diminuindo significativamente as despesas. Segundo informações, somente 17 ônibus estão circulando na cidade.

“Se, no caso, a Prefeitura Municipal optasse por pagar a folha de pagamento por inteiro, o que nenhum município fez por questões éticas, morais e em respeito ao erário público, desembolsaria, em três meses o valor aproximado de R$ 455 mil, valor este suficiente para pagar 100% da folha, e mais cerca de R$ 40 mil de vale alimentação”, completou Almeida.

“Ante a todo o exposto, requer-se que se dignem Vossas Excelências a tomar todas as medidas possíveis para evitar mais esse golpe contra os contribuintes de Indaiatuba, posto que é desproporcional e indevido o “subsídio” proposto, repassando indevidamente mais recursos para essa mesma empresa Sou Indaiatuba, particularmente em ano eleitoral” concluiu no documento o vice-presidente.

Foto: Indaiatuba News/Grupo RVC

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